terça-feira, 16 de novembro de 2010

2007/2 - Muitas interdisciplinas...


As 11 temáticas oferecidas pela interdisciplina de ARTES VISUAIS oportunizaram uma visão ampla e ao mesmo tempo detalhada de algumas questões importantes sobre o ensino na área. Informações gerais e ocasiões que repercutiram positivamente na minha vida pessoal - assunto para conversas, visita à Bienal - e também na minha prática profissional, na época com alunos de 1 a 2 anos, e nos anos seguintes com alunos de 3, 4 e 5 anos.

Destaco, a seguir, os assuntos estudados e as principais aprendizagens construídas a partir de cada um deles:

Metodologia Tradicional: professor autoritário, ação centrada na transmissão de conteúdos reprodutivistas e na preparação dos alunos para o mercado de trabalho com programas de ensino para desenvolvimento de destrezas e não para liberdade de criação.

Metodologia da Escola Nova: ideal de livre-expressão, com educadores que defendiam uma educação através da arte que privilegiasse a imaginação, a intuição e a inteligência da criança.

Metodologia Tecnicista: comprometimento com o sistema capitalista e objetiva "ensinar a fazer", sendo figura central o sistema técnico de organização da aula, com modalidade pedagógica totalmente diretiva.

Proposta Triangular: na década de 1980, o Ensino de Arte busca resgatar conteúdos da área com intuito de marcar a disciplina como área de conhecimento no currículo escolar. Como nos diz Mirian Celeste Martins (1998), o que se pretende nas aulas de arte, nessa perspectiva, é a interação da criança com o campo da arte, o seu contato direto com ela, tal como é previsto nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Em 1996 foi aprovada no Brasil a LDB 9394/96, na qual a arte configura-se como componente curricular obrigatório, tal como previsto nos PCNs de Arte, a partir de quatro linguagens: artes visuais, teatro, dança e música. (Fonte consultada: Páginas da interdisciplina de Artes Visuais, PEAD/UFRGS, 2007)
Temática 2
Tendências contemporâneas no ensino de arte
Mudanças impulsionadas pela fundamentação teórica da doutora Ana Mae Barbosa, denominada Proposta Triangular que, segundo a autora, “é construtivista, interacionista, dialogal, multiculturalista e é pós-moderna por tudo isto e por articular arte como expressão e como cultura na sala de aula”. (Barbosa, 1998, p.41)

Temática 3
O ensino da arte numa perspectiva multiculturalista
Valorização das diferentes culturas, como indígena, africana e popular, assim como as propostas artísticas contemporâneas, nos currículos escolares.

Temática 4
Cultura Visual
Segundo Fernando Hernández (2007, p. 22): a expressão cultura visual refere-se a uma diversidade de práticas e interpretações críticas em torno das relações entre as posições subjetivas e as práticas culturais e sociais do olhar. Desse ponto de vista, quando me refiro (. . .) à cultura visual, estou falando do movimento cultural que orienta a reflexão e as práticas relacionadas a maneiras de ver e de visualizar as representações culturais e, em particular, refiro-me às maneiras subjetivas e intrasubjetivas de ver o mundo e a si mesmo.

A partir disso, passei a adaptar as propostas com meus alunos utilizando imagens do cotidiano deles - de jogos, ilustrações de revistas e livros, filmes, moda, quadrinhos, super-heróis... - contemplando atividades práticas e o fazer artístico – relacionadas aos assuntos em estudo. Algumas evedências em:
Mesmo trabalhando na Educação Infantil, onde a história da arte não é abordada, considero interessante ter conhecimento da história da arte, o que me permite ter uma visão mais abrangente do processo cultural e histórico de determinados povos ou épocas.

Considerando como espaços de arte - formais ou informais - todos os lugares onde podemos estar em contato com obras, artistas, exposições, música, teatro, apresentações artísticas, eventos culturais, festas populares... reforço para meus alunos (e familiares) que a arte está presente em nosso cotidiano...
Independentemente do nome, os projetos devem abranger: uma outra atitude pedagógica que valoriza a construção do conhecimento e uma intenção continuamente avaliada e replanejada. O projeto do grupo 9 - sobre a inspiração do artista - contemplou essa e outras concepções estudadas na interdisciplina.

Segundo Fernando Hernández, o processo avaliativo se dá ao longo de todo o seu percurso e os momentos de avaliação indicam novos caminhos a serem percorridos em busca dos objetivos propostos. Fico feliz ao perceber que eu já venho adotando essa postura no decorrer de minha profissão!

Temática 9
O desenvolvimento gráfico e escultórico da criança
Unidade fundamental no meu trabalho com os "pequenos", na identificação e estímulos adequados a cada fase de desenvolvimento e a cada aluno, em particular.

PRIMEIRO ESTÁGIO: pode ser identificado como o da rabiscação ou garatuja - descontrolada e depois controlada - no qual o desenho é um prolongamento do gesto e não tem nenhuma significação intencional.

SEGUNDO ESTÁGIO: a criança está em trânsito para o segundo estágio gráfico, quando as manifestações gráfico-plásticas evidenciam formas fechadas, realizadas a partir dodomínio do gesto e da percepção e a ação de desenhar torna-se intencional, com a descoberta da relação existente entre desenho e realidade (início da figuração).

TERCEIRO ESTÁGIO: a capacidade de observação vai influindo no modo de expressão e o meio cultural circundante – a linguagem, as imagens e os costumes – atua de forma a aproximar a criança da sua realidade, com a tendência de registrar tudo que lhe interessa.

QUARTO ESTÁGIO: corresponde à adolescência - período de mudanças físicas, mentais, emocionais e sociais - e aflora a preocupação com a representação realística, com interesse no uso da perspectiva nos desenhos e pinturas.

Na representação dos objetos de forma tridimensional, a criança também segue certos padrões, de acordo com seu desenvolvimento cognitivo, sócio-afetivo e percepetivo-motor.

ETAPA I - Explorações de materiais (chapadas criculares).
ETAPA II - Movimentos mais complexos (esferas).
ETAPA III - Hastes (só comprimento e direção da forma são importantes).
ETAPA IV - Acrescentada a terceira dimensão.
ETAPA V - A criança usa, em suas construções, os volumes e as hastes.
ETAPA VI - Utilização de placas (formas bidimensionais) agregadas para representar os planos de construção do objeto.
ETAPA VII - Placas se tornam tridimensionais.
ETAPA VIII - A criança procura diferenciar o tamanho das formas, suas proporções, orientação espacial, etc...

Temática 10
As especificidades da linguagem visual
Ao repensar minha prática educativa, intensifiquei atividades para identificação de semelhanças e diferenças nas leituras de imagens do meio, bem como das produzidas pelos alunos, além de incentivar a apreciação e exposição dos trabalhos realizados, individualmente ou em grupo. Também dei mais liberdade de escolha e expressão aos alunos, quanto aos materiais e técnicas utilizados, o que estimulou a crescente autonomia dos mesmos.
Além dos tradicionais, há também materiais sofisticados ou alternativos que podem ser utilizados nas produções plásticas, mesmo com alunos da Educação Infantil: (papel, lápis de cor e grafite, carvão, giz de quadro e de cera, tintas, corantes e anilinas, nanquim, canetas esferográfica, hidrocor e para retroprojetor, argila, massas comestíveis e massa de modelar, sucatas diversas, lãs, linhas e tecidos, elementos da natureza, gesso, EVA... Alguns desses materiais proporcionaram momentos criativos inesquecíveis para meus alunos...

Repensar a práxis, revisar paradigmas, examinar novas possibilidades e construir novos saberes foi um desafio constante nos estudos propostos em ESCOLA, PROJETO PEDAGÓGICO E CURRÍCULO. Inicialmente, externei minhas concepções sobre os papéis, saberes e espaços do professor e da escola na sociedade, minha trajetória na construção da identidade de professora, processos de ensino-aprendizagem e problematização da (minha) prática docente, conceitos prévios de Currículo, Projeto Político-Pedagógico, Didática e Currículo, entre outras particularidades. Após as leituras, discussões e reflexões realizadas, ampliei meu conhecimento sobre as determinações sociais e epistemológicas que atravessam a vida da escola, bem como do currículo como organizador das práticas da escola e dos professores e como orientador do Projeto Político-Pedagógico, em nova construção na minha escola. Alguns exemplos de reflexões realizadas:

O amplo roteiro da interdisciplina de LITERATURA INFANTO JUVENIL E APRENDIZAGEM não foi inteiramente cumprido por falta de tempo, acredito, mas as práticas realizadas melhoraram o planejamento e a aplicação das minhas intervenções na contação de histórias, bem como ampliaram algumas de minhas concepções sobre elementos da narrativa, contos de fadas, fábulas e poesias infantis. Uma importante mudança de postura descrita em:

Os enfoques de LUDICIDADE E EDUCAÇÃO, nas diferentes abordagens como aulas práticas e discussões virtuais, viabilizaram muitas e profundas relações com a minha prática em Educação Infantil, onde prezo o brincar como um recurso pedagógico riquíssimo e fundamental para o desenvolvimento sadio da criança. Então...

1. Jogo, brinquedo, brincadeira, ludicidade: questões etimológicas, históricas, conceituais e culturais
2. Psicologia do Jogo: perspectiva psicanalítica e psicogenética do jogo; origem e evolução
3. O jogo e a Educação dos Anos Iniciais: procedimentos e recursos para a observação, análise e intervenção na situação lúdica. A mediação da brincadeira
4. Jogos e brinquedos artesanais
5. Jogos eletrônicos
... resultaram em intervenções como...

Quem está escondido?

As animadas aulas presenciais, juntamente com as propostas de pesquisa - preferências musicais próprias e das crianças, atividades musicais da cidade - e os textos críticos como "Por que você ouve tanta porcaria?" fizeram de MÚSICA NA ESCOLA uma interdisciplina útil para a ampliação de meus conhecimentos gerais na área. Além disso, o enfoque "MPB para crianças" originou momentos inesquecíveis para meus alunos, nesse ano e nos seguintes...
MPB para crianças

Em SEMINÁRIO INTEGRADOR III, criamos o Portfólio de Aprendizagens, este blog destinado aos registros sobre as aprendizagens mais significativas do curso de Pedagogia a Distância, além de debater o filme "Doze homens e uma sentença" para conceituar ARGUMENTOS e EVIDÊNCIAS.
Argumentos... evidências... o que são, afinal?

Na aula presencial da interdisciplina TEATRO E EDUCAÇÃO, interagimos com a professora Celina, tutores e colegas em divertidas brincadeiras possíveis de serem utilizadas com os alunos. A proposta do Inventário Criativo, planejamento de atividades depois de diversas leituras sobre a arte em questão, foi discutida e documentada. As trocas de iéias também renderam atividades com meus alunos, exemplificadas em...

Caminhar... cair... levantar!

Referências:

BARBOSA, Ana Mae. Tópicos e Utópicos. Belo Horizonte: C/ Arte, 1998.

HERNÁNDEZ, Fernando. Catadores da cultura visual. Porto Alegre: Mediação, 2007.

Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Querida,

Gostei de acompanhar suas postagens durantes esse eixo, vc conseguiu incentivar minha leitura com sua forma de escrita.

Bjoas e parabéns, sucesso em sua caminhada docente.