terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Cantar, dramatizar, sonhar...




Roda, cutia...
A canoa virou...
Ciranda, cirandinha...
São algumas das rodas cantadas que as crianças pequenas apreciam. A proposta de aplicar e documentar, no Inventário Criativo, atividades relacionadas com os temas em estudo foi o estopim para uma brincadeira que os alunos pedem para repetir com freqüência: A Linda Rosa Juvenil. Os textos IMPROVISAÇÃO PARA O TEATRO, de Violça Spolin; FORMAS DE ABORDAGEM DRAMÁTICA NA EDUCAÇÃO, de Ana Fuchs e AULA DE TEATRO É TEATRO, de Cleusa Joceléia Machado, oportunizaram importantes construções e reflexões sobre a relevância dos jogos dramáticos para a formação integral do aluno.


" A professora convida os alunos para brincar de roda, formando um círculo de mãos dadas e destacando os alunos interessados para desempenhar alguns papéis da dramatização, como a princesa, deitada no centro da roda, e o príncipe, próximo a ela. Uma professora auxilia, aparecendo repentina e espalhafatosamente como bruxa e, por fim, o “lindo rei” desperta a “linda rosa” com um beijo carinhoso.
Inicialmente, a proposta atinge apenas algumas crianças, necessita de uma intervenção maior das educadoras e, aparentemente, não é bem sucedida. Depois de várias retomadas, em outros momentos, ampliam-se a atenção, a compreensão e a imaginação dos alunos, transformando a dramatização num rico momento de desenvolvimento físico e intelectual e, é claro, muito divertido!"

“A espontaneidade é um momento de liberdade pessoal: quando estamos frente a frente com a realidade e a vemos, a exploramos e agimos em conformidade com ela. Nessa realidade, as nossas partes funcionam como um todo orgânico. É o momento de descoberta, de experiência, de expressão criativa. Isto requer um ambiente no qual a experiência se realize, uma pessoa livre para experienciar e uma atividade que faça a espontaneidade acontecer.”
Para meus alunos, o desempenho de diferentes papéis e a criação de situações imaginárias são experiências que aliviam tensões e conflitos, além de desenvolver a linguagem, a expressão corporal, a auto estima, e muitos outros aspectos importantes.


Em 1954, Peter Slade publicou suas pesquisas com crianças. Segundo ele, o jogo que a criança apresenta é o estado embrionário do teatro, da música e da arte, promovendo uma liberação emocional e o autoconhecimento. O jogo dramático se caracteriza pela livre expressão, por um discurso espontâneo cada vez mais desenvolvido na improvisação e interpretação. Em cada faixa etária há um tipo de jogo e quanto mais velha a criança, mais condições ela tem de compreender a linguagem teatral. Para Winifred Ward, o teatro na escola é muito mais que jogo e resultado da livre expressão – deve ser usado com ênfase no fazer teatral. O comum nessas duas abordagens é o uso da improvisação, da criatividade e da livre-expressão.
É este jogo dramático que presenciamos quando a criança brinca de comidinha, de faz-de-conta, e oportunizamos com brincadeiras de roda e outras tantas situações imaginativas.

“Mesmo nas atividades corporais, o aluno deliberadamente compõe um outro espaço e uma outra forma de estar no mundo, assumindo gestos e movimentos que não são do seu cotidiano. Isto pode acontecer em uma dinâmica simples como movimentar-se pela sala, utilizando diferentes partes do corpo e níveis espaciais ou em exercícios mais complexos como em duplas... Porém, não basta a intencionalidade. O evento teatral é o encontro de alguém que assume um papel e comunica algo e outro que aceita e assiste.”
Podemos concluir, então, que aula de teatro não é Teatro - a não ser que existam intencionalidade, personagens, texto e público - mas constitui-se num valioso recurso de ensino-aprendizagem que deve ser contemplado no universo escolar desde cedo.



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