domingo, 23 de maio de 2010

A flexibilidade do planejamento pedagógico e suas implicações




Antes de iniciar a prática propriamente dita, elaborei, com certo esforço, o cronograma geral do período de estágio, dentro do Projeto de Estágio, antecipando as temáticas e os conteúdos abordados durante as nove semanas de trabalho. Nesse momento, eu já sabia que uma colega de trabalho realizaria um estágio de 40 horas na minha turma, ocupando suas tardes durante duas semanas com atividades interessantes, diversificadas, mas gerando uma rotina diferente - embora os alunos a conhecessem bem - e, às vezes, um pouco cansativa.
Por esse motivo, prevendo e depois confirmando a excessiva agitação dos alunos, oportunizei, nas manhãs em que realizava minha prática de estágio, atividades mais leves, recreativas e, de certa forma, "atrasei" o meu cronograma inicial. Como este planejamento tinha um caráter provisório, flexível mesmo - como acredito que deve ter - não me preocupei em cumprir prazos e realizar atividades apenas porque estavam marcadas para ocorrerem em determinada semana. Contudo, sabendo da importância dos objetivos de aprendizagem traçados, precisava criar alternativas viáveis para alcançá-los sem "estressar" mais ainda a alunos e professores envolvidos com a turma.
Perrenoud discorre sobre uma pedagogia diferenciada que relacionei, sob certos aspectos, com as adaptações de meu planejamento semanal:
"O importante, em uma pedagogia diferenciada, é criar dispositivos múltiplos, não baseando tudo na intervenção do professor.
...
Organizar o espaço em oficinas ou em "cantos" - entre os quais os alunos circulam - é uma outra maneira de enfrentar as diferenças. Nenhuma delas é, sozinha, uma solução mágica."
E assim, intercalando atividades recreativas e de produção formal de conhecimento, entre pequenos grupos de atuação, percebi que as dinâmicas empreendidas na sala de aula passaram a apresentar novos contornos - mais suaves - melhorando consideravelmente o ambiente em si.
É claro que estas minhas considerações sobre o tema carecem de um aprofundamento teórico consistente e, embora instigante, não pretendo, por ora, investir um tempo maior com estudos a esse respeito. Caso contrário, nem sei se disporia - hoje - das qualidades citadas pelo sociólogo suíço como necessárias para implementar uma diferenciação metodológica realmente inovadora.
"A diferenciação exige métodos complementares e, portanto, uma forma de inventividade didática e organizacional, baseada em um pensamento arquitetônico e sistêmico."
E se já tive essas qualidades, como aluna, e não mais as tenho agora, como educadora, em que parte do percurso as teria perdido? Ou estarão elas apenas adormecidas, necessitando de uma boa dose de estudo motivado pelo desejo de atender melhor a meus alunos? Quem sabe, ainda acabarei me orgulhando de algo novo surgido (também) a partir das reflexões suscitadas pela prática do estágio curricular, tão trabalhoso, mas, afinal, tão frutífero!
Referências:
PERRENOUD, Philippe. Dez novas competências para ensinar. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000.




Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Certamente te orgulhará... pois pelo que li pude perceber que sua prática de estágio promete encantamento para os alunos. Nem sempre conseguimos dar conta de td que planejamos no tempo que temos, mas o importante está justamente na sua preocupação e comprometimento em fazer ações significativas para os alunos e nao simplesmente cumprir tarefas...
Parabéns