segunda-feira, 3 de maio de 2010

É fim do mês...











... e finalizo com relativa satisfação a terceira semana de estágio.

Relativa, porque algumas situações desencadeadas a partir das (interessantíssimas) atividades (muito bem) desenvolvidas me fizeram refletir - e muito - sobre a minha postura diante de impasses como estes, descritos na Reflexão Semanal Três:


"Ao organizarmos uma das apresentações da “nossa peça”, por exemplo, um aluno vestiu a camiseta vermelha que usávamos para representar o Rio Vermelho, sendo alvo de críticas imediatas por parte de alguns colegas, que não aceitaram a substituição desse objeto por outro similar. Outro “problema” foi o atraso da aluna que sempre interpretava a Tinoca Minhoca, como se outra pessoa não pudesse representar esse papel... Enquanto alguns alunos demonstraram apego exagerado às regras estabelecidas, outros aceitaram pacificamente minhas sugestões para modificar as combinações feitas."


Mesmo sabendo da minha irremediável condição de ser humano imperfeito, pessoal e profissionalmente, foi decepcionante constatar, a partir das reflexões suscitadas pelas leituras sobre os estádios de consciência infantil das regras, que o modo como "resolvo" certas situações da sala de aula possuem realmente um caráter autoritário, ditatorial até. Divergências sobre a posse de brinquedos, disputas de lugares na fila, no refeitório ou na rodinha e discussões sobre os mais variados assuntos exigem minha intervenção direta e imediata. Mesmo tentando ser democrática, me inteirando sobre a totalidade dos fatos e questionando os próprios alunos sobre a melhor solução, às vezes simplesmente indico o caminho a seguir. Aí, ao ser contestada pela criança, revejo minha postura - quando julgo possível e recomendável - e reassumo meu papel de adulto mediador, e não controlador ou "mandador".


"Segundo Piaget, até aos 4 ou 5 anos, as regras não seriam compreendidas; dos 4/5 aos 9/10 anos, as regras teriam origem numa autoridade superior (adultos, Deus, políticos...) e não poderiam ser alteradas; dos 9/10 anos em diante as regras seriam estabelecidas por mútuo acordo dos jogadores e, por isso, poderiam ser mudadas caso todos os jogadores concordassem."


Pois bem, talvez seja muito pretensioso de minha parte determinar se as crianças que concordaram com as alterações nas regras pré-estabelecidas já realizam incursões por esse terceiro estádio... Estou mais propensa a acreditar que elas apenas aceitaram a nova regra “ditada pela autoridade superior”, no caso, a professora. Segundo eles, é ela quem manda na sala, frase repetida com veemência sempre que um aluno repreende ou orienta outro de forma mais severa...


Certamente, ao estudar mais sobre o assunto e observar atentamente esses aspectos na minha turma, comprovarei – ou não – o que Piaget concluiu: crianças diferentes adquirem versões diferentes das regras e, ao jogarem juntas, essas diferenças tornam-se evidentes e precisam ser resolvidas. E mesmo que eu não chegue a conclusão alguma, o fato de estudar e refletir sobre a questão provocará novas assimilações e desacomodações, na maneira como penso e faço educação, e estas, acredito, são sempre bem vindas.



Um comentário:

Patricia Grasel disse...

Cris parabéns pelo término dessa etapa... outras virão, agora é momento de novos desafios, vai lá e mostra o que vc e capaz... sucesso menina!!!