terça-feira, 6 de outubro de 2009

Currículo Integrado - reflexão em duplas



Os estudos sobre Currículo Integrado, propostos na Unidade 2 de Didática, tinham como objetivos: identificar as influências dos modos de produção nos sistemas educacionais; compreender as origens das propostas do currículo integrado e exercitar o planejamento de uma atividade interdisciplinar.


A discussão dos obstáculos da excessiva fragmentação do conhecimento disciplinar e possíveis alternativas a isso partiu de duas leituras e uma atividade de estudo de um dos textos. A partir do fragmento de Japiassu (1994), sobre divisão das disciplinas escolares, naturalmente aceita como ‘correta’ e ‘imutável’, produzimos, em duplas, uma reflexão sobre a relação entre a “fragmentação dos processos de produção (Taylorismo & Fordismo) e a cultura escolar” e também sobre a relação entre as novas necessidades das economias de produção flexível com o sistema escolar. Um tema por demais complexo para ser sintetizado em 25 a 30 linhas, na minha opinião.


As trocas de ideias com a colega Emília sobre o tema proposto resultaram na seguinte produção escrita:

"Modelos positivistas e tecnológicos de organização e administração escolar utilizam linguagem, conceitos e práticas da indústria, incorporando os valores e pressupostos do mundo empresarial do capitalismo. Assim, as políticas de reforma educacional e as modas pedagógicas daí surgidas carregam discursos, ideais e interesses de outras esferas da vida econômica e social. Então, se as crises na produção e distribuição capitalista são resolvidas mediante a aplicação de princípios tayloristas e fordistas, é possível pensar em algo semelhante nos sistemas escolares. Cada modelo de produção e distribuição requer pessoas com determinadas capacidades, conhecimentos, habilidades e valores... e os sistemas educacionais vêm reproduzindo essa lógica irracional através da compartimentalização dos saberes, “transmitidos” por especialistas que sabem cada vez mais sobre cada vez menos.
Atualmente, as instituições escolares “devem” formar pessoas com conhecimentos, destrezas, procedimentos e valores de acordo com a nova filosofia econômica, pois os novos modelos de produção industrial, sua dependência das mudanças de ritmo nas modas e necessidades preferidas pelos consumidores e consumidoras, as estratégias de competitividade e de melhora da qualidade nas empresas exigem isso. Infelizmente, conceitos como ensino globalizado, interdisciplinaridade, participação, democracia, trabalho em equipe, abrangência, autonomia, entre outros, podem ser banalizados, apesar dos esforços de numerosos grupos docentes em difundir a verdadeira filosofia desses conceitos.
Japiassu, ao condenar a compartimentalização dos saberes, afirma que o conhecimento fragmentado nas disciplinas de nosso sistema escolar é um fator de cegueira intelectual. E ressalta a importância do trabalho integrado, interdisciplinar, que, por questionar uma cultura escolar já instituída e aceita como correta, incomoda as instituições de ensino."

Leitura 1: SANTOMÉ, Jurjo Torres. As origens da modalidade de currículo integrado. In:______. Globalização e interdisciplinaridade: o currículo integrado. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998, p.9-23.


Leitura 2: XAVIER, Maria Luisa Merino. Introduzindo a questão do planejamento: globalização, interdisciplinaridade e integração curricular. In: _______ & DALLA ZEN, Maria Isabel (orgs.). Planejamento em destaque: análises menos convencionais. 3ª edição. Porto Alegre: Mediação, 2003. p.10-14.

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