terça-feira, 30 de junho de 2009

SÍNTESE DAS APRENDIZAGENS DO EIXO VI




O filme Entre os Muros da Escola, uma recente e premiada produção francesa, foi um desafio e tanto na construção da síntese das aprendizagens desse VI eixo do Pead:


Alguns recortes desse importante documento:


O fato de o professor Marin dizer, diante de toda a turma, que as alunas Esmeralda e Louise pareciam duas vagabundas no conselho de classe por causa dos seus risinhos inoportunos, desencadeou uma série de incidentes. Souleymane desrespeita o já exaltado professor e, ao se levantar para sair da sala de aula sem permissão, fere acidentalmente uma colega no sobrecílio, que sangra muito. O diretor decide suspender o aluno por 48 horas e pensa em convocar o Conselho Disciplinar. A equipe de professores discute, então, a necessidade dessa convocação, seus objetivos, finalidades e a provável expulsão do aluno, o que poderia enviá-lo de volta ao seu país de origem, o Mali. Segundo alguns, as conseqüências familiares dos castigos escolares (ameaças, surras, ficar sem presente...) devem ser ignoradas pelos professores, que estariam cumprindo o seu papel de impor limites. Para Marin, é impossível não se envolver, ao menos nesse caso, afinal, foi ele quem, de certa forma, o desencadeou.



No Conselho de Classe, o professor Marin refere-se a Souleymane, aluno envolvido em constantes conflitos, como limitado, do ponto de vista escolar – o que pressupõe a não valorização dos conhecimentos de vida desse sujeito e um reforço negativo à sua já desgastada caminhada escolar. Ao ser informado desse fato, ele o classifica como discriminatório e afirma que os professores o estão perseguindo, têm algo contra ele e buscam vingança, embora não especifique os motivos desta. A meu ver, através dessa atitude, esse aluno demonstra ter uma imagem negativa de si mesmo e uma baixa auto-estima, uma espécie de PRECONCEITO sobre sua própria pessoa e/ou atitudes.



Depois de saber que as delegadas de turma repassaram informações demais aos colegas de classe, o professor as insultou, demonstrando PRECONCEITO exagerado pelo seu comportamento infantil no Conselho de Classe. Isso, sim, pareceu vingança: pelo fato das duas deflagrarem uma situação desagradável em sua aula, ele utiliza seu “poder” para puni-las com uma ofensa de caráter pessoal. A discussão em torno de suas declarações ofensivas e
discriminatórias desencadeia as reações que culminam com a garota ferida, um Relatório de Incidentes e discussões sobre os PRINCÍPIOS MORAIS envolvidos nas punições aos alunos e suas conseqüências. Nessa discussão sobre a iminente expulsão de Souleymane, toda a equipe docente tenta convencer Marin da importância de punições exemplares para impor os limites necessários ao ambiente escolar e parecem ignorar um fato que preocupa muito o professor de Francês: sua decisão tem o poder de mudar drasticamente a vida de um ser humano – teriam eles esse direito? O que se percebe – nas falas dos mestres – é o caráter excludente do Conselho Disciplinar, quando este poderia ser um instrumento ímpar no debate entre todas as partes interessadas – aluno, família e instituição de ensino – na busca por melhores resultados no desempenho escolar do aluno com dificuldades. E visto que a escola deveria dar as ferramentas para que os alunos encontrassem seu lugar na sociedade, esses professores deveriam ter como objetivo primeiro de sua atuação não apenas “repassar” o conhecimento, mas viabilizar uma efetiva construção de saberes e habilidades realmente úteis no presente e no futuro desses educandos. Nesse contexto, as diferenças sociais visíveis entre a turma e o choque entre as culturas africana, árabe, asiática e europeia, dentro das quatro paredes da sala de aula constituem-se como um recurso especialmente rico, a ser contemplado no currículo escolar com o objetivo de conscientizar os indivíduos acerca dos limites entre amor e ódio, solidariedade e submissão, revanche e justiça, desgaste e motivação, preconceito e aceitação...




A conscientização sobre o valor único de cada povo ou etnia e a interação consciente com outras culturas leva à valorização da própria cultura e de si mesmo. Conhecer modos próprios de organização das relações sociais, políticas e econômicas, além de hábitos cotidianos, nos permite compreender a dimensão da contribuição dos diferentes povos ao patrimônio mundial – simplesmente incalculável!




Nenhum comentário: